sábado, 2 de abril de 2011

Preconceito contra o Espiritismo.



Ainda existe, em maior escala do que se pensa, o medo do Espiritismo. Há pouco, fomos procurados por uma pessoa que, sentindo evidentes perturbações de origem mediúnica, e tendo percorrido os consultórios de psiquiatria, vira-se obrigada a recorrer aos “recursos espirituais”, segundo dizia. Quando soube que não estava tratando com um “espiritualista”, mas com um espírita, assustou-se de tal maneira, que viu-se forçada a confessar o seu medo. “Se eu soubesse que o senhor era espírita - declarou - não o teria procurado.”


A verdade é que, apesar disso, acabou se convencendo de que o Espiritismo poderia ajudá-la, e mais tarde tornou-se espírita. Mas não foi muito fácil arrancar-lhe da mente o pavor doentio que lhe haviam infundido. Sacerdotes, pessoas da família, amigos e médicos, todos haviam contribuído para que o medo se enraizasse em sua alma. Terrível medo, que a desviava da única solução possível para o seu problema.


E o que é mais curioso, a maior contribuição para esse estado de temor foi dado por certas publicações espiritualistas, que apesar de admitirem a reencarnação e a lei de causa e efeito, condenam a mediunidade, pintando-a com as mais negras pinceladas.


O preconceito anti-espírita assemelha-se muito à prevenção contra o Cristianismo, no mundo antigo. As pessoas que temem o Espiritismo não conhecem a doutrina, dão ao termo aplicações indevidas, perdem-se num cipoal de lendas e suposições a respeito das sessões espíritas. Em geral nos acusam de endemoniados, necromantes, feiticeiros e coisas do mesmo teor, como faziam gregos e romanos com os cristãos primitivos. E essas deturpações do Espiritismo não são apenas orais, correndo entre pessoas simples. Figuram também em publicações eruditas, revistas, jornais, livros de ensaios e estudos, com signatários cultos.


Pitágoras já dizia que a Terra é a morada da opinião. E como a opinião é a coisa mais frívola que existe, a mais incerta e a mais irresponsável, não é de admirar que tanta gente opine sobre o que não conhece. Mesmo entre os letrados, a opinião é um hábito enraizado. Mas é evidente que, quando se trata de uma doutrina espiritual, esposada por tantos homens de projeção no mundo das ciências e do pensamento, em todo o mundo, as pessoas de cultura, ou mesmo de mediana cultura, deviam ter mais cautela ao se manifestarem a respeito. Porque se é livre o direito de opinar, não é menos livre o direito de se julgar o senso de responsabilidade de quem opina.


O maior motivo de temer do Espiritismo é o próprio temor. Ou seja: é a covardia humana, essa terrível covardia que faz os homens estremecerem de horror diante do perigo de mudarem de posição diante da vida e do mundo. O Espiritismo, entretanto, não exige outra mudança, senão a da concepção estreita de uma vida utilitarista e falsa, para a ampla concepção de uma vida espiritual, profunda e verdadeira.


Quanto ao problema das relações com o mundo invisível, o Espiritismo não estabelece essas ligações, que existem na vida de todas as criaturas, mas apenas as explica e orienta, dando-lhes o verdadeiro sentido no processo da existência.


Temer o Espiritismo é temer a verdade, que os seus princípios nos revelam, apesar de todos os que lutam para deturpá-los.

Do livro “O Homem Novo” - Herculano Pires

* * *
De todas as forças que oprimem o Espiritismo, a que mais o tem prejudicado é a “força do preconceito”. (...) A força do preconceito, para muitos, tem mais poder que a verdade. É este um dos motivos que impede a marcha ascensional do Espiritismo entre nós. (Cairbar Schutel, no livro “Os Fatos Espíritas e as Forças X” - 1926)

sexta-feira, 18 de março de 2011

Os Odu de Ifá

  1. Naquele tempo, Orunmila não era mais que um jovem, de excepcional possuía apenas a vontade imensa de saber tudo o que pudesse.
Em suas andanças sobre os países então conhecidos, soube da existência de um grande palácio, onde havia 16 quartos, num dos quais encontrava aprisionada uma belíssima donzela denominada Sabedoria.
Muitos jovens aventureiros, guerreiros poderosos, príncipes e monarcas já haviam sucumbido na tentativa de resgatar a bela jovem.
Determinado a conquistar Sabedoria, Orunmila dirigiu-se ao local onde estava edificado o palácio e no caminho encontrou um mendigo que lhe estendeu a mão pedindo um pouco de comida. Colocando a mão em seu embornal, Orunmila dali tirou um pequeno saco com farinha de inhame, que era tudo que tinha para comer e de uma cabaça um pouco de epo (dendê), misturando tudo e dividindo com o mendigo, comendo uma pequena parte do alimento.
Depois de alimentar-se, o mendigo revelou a Orunmila o seu nome, dizendo que se chamava Esu e como agradecimento ofereceu ao jovem aventureiro um pedaço de marfim entalhado, dizendo:
“Com este marfim denominado Irofa deverás bater em cada uma das 16 portas do palácio, pois só assim elas se abrirão. Do interior de cada quarto ouvirá uma voz que te perguntará ‘quem bate? ’. Você se identificará dizendo que é Ifa, o senhor do Irofa. Pois só assim cada uma revelará o seu segredo.
A primeira porta – Ejiogbe
Representa o conhecimento da vida.
A voz perguntará então: O que está procurando? E você dirá, estando diante da porta do primeiro quarto, que deseja conhecer a vida, a competição entre os homens e que quer conquistá-la em nome de Ejiogbe, o princípio de tudo. A porta então se abrirá e conhecerá os segredos da vida.

A segunda porta – Oyeku Meji
Representa o conhecimento sobre a morte.
No segundo quarto, quando a voz te perguntar o que deseja, depois de ter se identificado como antes, dirá que deseja conhecer Iku, a Morte e que deseja dominá-la. Aprender a dependência das almas com a Morte e a reencarnação por intermédio de Oyeku Meji. Então a porta se abrirá e você conhecerá a Morte, seus hororres e seus mistérios. Se não demonstrar medo em sua presença irá adquirir o domínio absoluto sobre ela.

A terceira porta – Iwori Meji
Representa o conhecimento da vida espiritual com as forças do Orun.
Na terceira porta encontrará um guardião denominado Iwori Meji, o anjo exterminador que, depois de reverenciado, colocará diante dos seus olhos a determinação do criador sobre a Terra, os mistérios da vida espiritual e dos nove espaços do Orun, onde habitam deuses e sombras e todas as classes de espíritos que irá conhecer.

A quarta porta – Odi Meji
Representa o domínio da matéria sobre o espírito.
Na quarta porta você reclamará por conhecer o domínio da matéria sobre o espírito, a lei do Karma e a formação do gênero humano. O guardião desta porta chama-se Odi Meji, a quem deverá demonstrar respeito e submissão. É necessário que não se deixe encantar pelas maravilhas e os prazeres que se descortinarão diante de teus olhos, pois podem te escravizar para sempre, interrompendo sua busca.

A quinta porta – Irosun Meji
Representa o domínio do homem sobre seus semelhantes.
Na quinta porta quando for indagado dirá, diante de Irosun Meji, que procura o acaso da vida. O domínio do homem sobre seus semelhantes através do uso das forças físicas e imposições dos homens. Aprenda, mas não utilize jamais as técnicas reveladas para o mal. Apenas como defesa, para não se tornar vítima delas.

A sexta porta – Owonrin Meji
Representa o equilíbrio que deve existir no Universo.
Na sexta porta será recepcionado por um gigante do sexo feminino que deve ser saudado por Owonrin Meji a quem solicitará ensinamentos relativos à possessão espiritual, à cura dos seres vivos e ao equilíbrio que deve existir no Universo. Compreenderá então o valor da vida e a necessidade da morte, o mistério que envolve a existência das montanhas e das rochas. Ali será tentado pela possibilidade de obter muita riqueza, mulher, filhos e bens incomensuráveis. Resista a estas tentações ou verá ser reduzida a uns poucos dias de luxúria.

A sétima porta – Obara Meji
Representa o poder da realização dos desejos e sonhos do ser humano.
Agora estará diante da sétima porta. O habitante deste quarto chama-se Obara Meji, é velho e se apresenta de aparência bonachona. Poderá te ensinar prestígios da cura, soluções para os problemas mais intrincados e te dará a possibilidade de realizar todos os desejos dos humanos. Tome cuidado, pois o domínio desses conhecimentos podem te conduzir à prática da mentira, à falta de escrúpulos e o desequilíbrio mental.

A oitava porta – Okanran Meji
Representa o poder da palavra do ser humano.
No oitavo quarto deverá solicitar a permissão de Okanran Meji para conhecer o poder da fala humana, que infelizmente é muito mais usada na prática do mal do que para o bem, e o encadeamento das forças. Este guardião te falará em muitas línguas e de sua boca só ouvirá lamúrias. Aprende depressa e depressa foge deste local, onde imperam a falsidade e a traição.

A nona porta – Ogunda Meji
Representa os malefícios da corrupção e da decadência no ser humano.
Diante da nona porta, pedirá permissão ao seu guardião, Ogunda Meji para conhecer a corrupção e a decadência, que podem levar os seres humanos aos mais baixos níveis de existência. Naquele quarto, encontrará os vícios que assolam a humanidade e que a escravizam em correntes inquebráveis. Verá o assassinato, a ganância, a traição, a violência, a covardia e a miséria humana, brincando de mãos dadas com muitos infelizes que se tornam seus servidores.

A décima porta – Osa Meji
Representa o poder do fogo e da influência dos astros no ser humano.
No décimo aposento deverá apresentar reverências a uma poderosa feiticeira, cujo nome é Osa Meji. Ela vai contar o poder que a mulher exerce sobre o homem e o porquê deste poder. Conhecerá seres poderosos que praticam o bem e o mal, denominados Ajès que vão lhe oferecer seus serviços maléficos. Caso aceito fará de você o mais poderoso e o mais odiado ser da face da Terra.

Aprenderá a representação do tempo, a dominar o fogo, a utilizar a influência dos astros sobre o que acontece no mundo. Saberá das relações entre o sol e a Terra e a Terra e a Lua, principalmente a influência da Lua sobre os seres vivos. Cuide para que estes segredos não te transformem em um feiticeiro maldito.
A décima primeira porta – Ika Meji
Representa o mistério da reencarnação e o domínio sobre os espíritos.
Bata agora com o seu Irofa na décima primeira porta e a voz do guardião Ika Meji lhe dirá onde os peixes povoaram os mares, o gigante em forma de serpente te fará estremecer. Saúde-o respeitosamente e solicite dele a permissão para conhecer o mistério que envolve a reencarnação, o domínio sobre os espíritos Abikus que nascem com o destino de uma vida curtíssima. Aprenda a dominar este segredo e desta forma poderá livrar muitas famílias do luto e da dor.

A décima segunda porta – Oturupon Meji
Representa os segredos da criação da Terra.
Esta porta te reserva sustos e surpresas sem fim. Seu guardião se chama Oturupon Meji e é do sexo feminino. Possui forma arredondada, mas se parecendo com uma grande bola de carne quase disforme. Trata-se de um gênio muito poderoso que poderá lhe revelar todos os segredos que envolvem a criação da Terra, além de te ensinar como obter riquezas inimagináveis. Aprenda com ele o segredo da gestação humana e a maneira como evitar abortos e partos prematuros. Depois parta respeitosamente em busca da próxima porta.

A décima terceira porta – Otura Meji
Representa o pleno poder sobre a matéria, a força mágica.
Bata com cuidado e muito respeito, neste quarto reside um gigante chamado Otura Meji, que costuma comunicar-se de forma íntima e constante com a energia da criação. Aprenda então como nasceu à raça humana, o domínio do homem sobre todos os animais e como é possível separar as coisas.

Domine os mistérios de dissociar os átomos, adquirindo assim pleno poder sobre a matéria. Aprenda também a utilizar a força mágica que existe nos sons da fala humana, mas usa esta força terrível com muita sabedoria.
A décima quarta porta – Irete Meji
Representa o poder dos segredos dos espíritos da Terra.
Já diante da décima quarta porta, irá se deparar com Irete Meji, que nada mais é do que o próprio espírito de Ilé, a terra. Faça com que desvende seus mais íntimos segredos, aguarde-o e preste lhe permanente reverência e sacrifício. Saiba como ir e voltar do reino de Iku. Contate por seu intermédio os espíritos da terra, “Onile”, transformando-os em seus aliados. Aprenda com ele o poder da cura.

A décima quinta porta – Ose Meji
Representa os males físicos do ser humano.
Na décima quinta porta será recepcionado por Ose Meji, que irá te ensinar sobre degeneração, decomposição, doenças, perdas e putrefação. Aprenda que é perdendo que se ganha, siga sempre pelo caminho mais modesto.

Aprenda a sanar estes males e saia daí o mais depressa possível para não ser também vitimado por tanta negatividade.
A décima sexta porta – Ofun Meji
Representa a união dos poderes dos outros 15 odus de Ifá.
Finalmente a décima sexta porta, o último dos obstáculos que te separam da sua desejada musa. Aí reside Ofun Meji, o mais velho e terrível dos 16 guardiões, aquele que ressuscita os mortos, saúde-o com temor, dizendo “Epa Imole” só assim poderá aplacar a sua Ira. Contemple-o, mas não o encare, observe que ele não é como os outros que você já conheceu durante a caminhada. É a reunião de todos os demais que nele habitam e que nele se dissipam somente de forma ilusória. Conhecê-lo é conhecer todos os segredos do Universo.

“Se for esta a sua busca, então você encontrou a “Sabedoria”, leve-a consigo até a eternidade.”
Ase, Ase, Ase.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Bori.

Da fusão da palavra Bó, que em Ioruba significa oferenda, com Ori, que quer dizer cabeça, surge o termo Bori, que literalmente traduzido significa “ Oferenda à Cabeça”. Do ponto de vista da interpretação do ritual, pode-se afirmar que o Bori é uma iniciação à religião, na realidade, a grande iniciação, sem a qual nenhum noviço pode passar pelos rituais de raspagem, ou seja, pela iniciação ao sacerdócio. Sendo assim, quem deu Bori é (Iésè órìsà).
Cada pessoa, antes de nascer escolhe o seu Ori, o seu princípio individual, a sua cabeça. Ele revela que cada ser humano é único, tendo escolhido as suas próprias potencialidades. Odú é o caminho pelo qual se chega à plena realização de Orí, portanto não se pode cobiçar as conquistas dos outros. Cada um, como ensina Orunmilá – Ifá, deve ser grande no seu próprio caminho, pois, embora se escolha o Orí antes de nascer na Terra, os caminhos vão sendo traçados ao longo da vida.
Exú, por exemplo, mostra-nos a encruzilhada, ou seja, revela que temos vários caminhos a escolher. Ponderar e escolher a trajectória mais adequada é a tarefa que cabe a cada Orí, por isso, o equilíbrio e a clareza são fundamentais na hora da decisão e é por intermédio do Bori que tudo é adquirido.
Os mais antigos souberam que Ajalá é o Orixá funfun responsável pela criação de Orí. Desta forma, ensinaram-nos que Oxalá deve ser sempre evocado na cerimónia de Bori. Iemanjá é a mãe da individualidade, e por essa razão está directamente relacionada com Orí, sendo imprescindível a sua participação no ritual.
A própria cabeça é a síntese dos caminhos entrecruzados. A individualidade e a iniciação (que são únicas e acabam, muitas vezes, configurando-se como sinónimos) começam no Orí, que ao mesmo tempo aponta para as quatro direcções.
OJUORI – A TESTA
ICOCO ORI – A NUCA
OPA OTUM – O LADO DIREITO
OPA OSSI – O LADO ESQUERDO
Desta mesma forma, a Terra também é dividida em quatro pontos: norte, sul, este e oeste; o centro é a referencia, logo, todas as pessoas se devem colocar como o centro do mundo, tendo à sua volta os quatro pontos cardeais: os caminhos a escolher e a seguir. A cabeça é uma síntese do mundo, com todas as possibilidades e contradições.
Em África, Orí é considerado um Deus, aliás, o primeiro que deve ser cultuado, mas é também, juntamente com o sopro da vida (emi) e o organismo (ese), um conceito fundamental para compreender os rituais relacionados com a vida, como o Axexê (asesé). Nota-se a importância destes elementos, sobretudo o Orí, pelos Orikis com que são invocados.
O Bori prepara a cabeça para que o Orixá se possa manifestar plenamente. Entre as oferendas que são feitas ao Orí algumas merecem menção especial.
É o caso da galinha de Angola, chamada Etun ou Konkém no Candomblé; ela é o maior símbolo de individualização e representa a própria iniciação. A Etun é adoxu (adosú), ou seja, é feita nos mistérios do Orixá. Ela já nasce com Exú, por isso se relaciona com o começo e com o fim, com a vida e a morte, por isso está no Bori e no Axexê.
O peixe representa as potencialidades, pois a imensidão do oceano é a sua casa e a liberdade o seu próprio caminho. As comidas brancas, principalmente os grãos, evocam fertilidade e fartura. Flores, que aguardam a germinação, e frutas, os produtos da flor germinada, simbolizam a fartura e a riqueza.
O pombo branco é o maior símbolo do poder criador, portanto não pode faltar. A noz cola, isto é, o obi é sempre o primeiro alimento oferecido a Ori; é a boa semente que se planta e se espera que dê bons frutos.
Todos os elementos que constituem a oferenda à cabeça exprimem desejos comuns a todas as pessoas: paz, tranquilidade, saúde, prosperidade, riqueza, boa sorte, amor, longevidade, mas cabe ao Orí de cada um eleger as prioridades e, uma vez cultuado como deve ser, proporciona-as aos seus filhos.
Nunca se esqueça: Orixá começa com Orí.

sábado, 12 de março de 2011

Anjo da Guarda.


Você sabe a importância dos anjos da guarda na Umbanda?
Bem, os anjos de guarda nos protegem e acompanham a cada dia. E esse acompanhamento também está nas horas de trabalho (sessões). Sim, porque estamos numa corrente espiritual onde espíritos sem luz e perturbados, confusos, enfim vêm contra nós, os Orixás, Guias, Entidades nos protegem, mas a presença do anjo da guarda antes e depois da incorporação é por demais importante.
Um exemplo, normalmente quando uma pessoa sofre um trabalho de demanda, um trabalho contra o bem estar dela, a primeiro reflexo que se nota é o enfraquecimento de seu anjo da guarda, tornando-o distante e deixando a pessoa vulnerável.
É comum que os Guias/Entidades do terreiro, quando se vêem a frente de uma pessoa com demanda, venham a pedir um “fortalecimento para o anjo de guarda”, ou seja, um reforço para restaurar os laços entre você e seu anjo da guarda. Esse reforço consiste em trazer ele mais próximo de você, com mais força para te proteger contra os *ataques* da demanda.
E para os médiuns?
Com toda a certeza, para os médiuns, os anjos da guarda são tão importantes quanto os próprios Orixás e Entidades.
Quando o médium vai incorporar, para que o Orixá/Entidade se aproxime, o anjo de guarda permite a passagem para ocorrer a incorporação. Quando o Orixá/Entidade está incorporado no médium, o anjo da guarda permanece ao lado, pois o médium está protegido por energias do Orixá ou Entidade que está ali. 
Quando há o processo de desincorporação, o Anjo da Guarda se aproxima mais, para manter o equilíbrio do médium. 
Portanto, os médiuns devem ficar atentos para não oferecer resistência na hora da desincorporação desse Orixá/Entidade, pois existe uma hora certa em que o Orixá deve deixar a matéria e o anjo da guarda se aproximar, não deixando a matéria desprotegida.
O seu anjo da guarda, sempre anda com você em qualquer lugar que você esteja, pronto a lhe proteger; embora você não o veja.
O que chamamos de intuição, muitas vezes é a manifestação de nosso Anjo da Guarda que procura sempre o melhor para nós (aquela voz na cabeça que diz, não faça isso, não vá por esse caminho, etc.).
O nosso anjo da guarda é aquele que nos protege a todo instante de nossas vidas... Por isso, devemos manter acesa uma vela com um copo d’água ao lado em um local alto, e fazer orações ao anjo da guarda regularmente, pedindo sempre que nos guie pelos caminhos certos da vida e que nos proteja.
Para quem acredita é muito fácil sentir, ouvir e presenciar a manifestação dos anjos em nossa vida dando inspiração para algo que ocorrerá em nossos dias, mas para pessoas que não acreditam que os anjos existam é totalmente difícil manter o anjo próximo dele, esse pensamento negativo e destrutivo para o anjo o enfraquece e acaba por distanciá-lo. 
O céu não tem entradas, lá não precisamos bater; pois, chegando ao fim da jornada, sempre há alguém para nos receber.
  
Seu Anjo da Guarda te Chama!
Quando o médium fica meio em transe após a incorporação, alguns dirigentes colocam a mão sobre o coração do médium e dizem: “_fulano seu anjo da guarda te chama!”
Esta era uma prática comum antigamente (não há como datar precisamente) de benzedeiras. Elas utilizavam esta frase como uma pequena oração para pessoas que não se achavam plenamente conscientes por vários motivos (mediunizadas, epilepsia, desmaio, etc.).
Tal prática talvez tenha sido trazido para a nossa amada Umbanda por alguma Preta Velha, já que é de pleno conhecimento nosso que muitas Delas foram exímias benzedeiras.
O Anjo da Guarda é visto como o Mentor de nossa razão, de nossa consciência; Desta forma este é um chamado ao restabelecimento da consciência com implicações magísticas.
Ao fazer referência ao nosso anjo da guarda, chamando-nos de volta ao domínio das faculdades no corpo físico após o transe mediúnico, ocorre uma espécie de invocação a nós mesmos.

Pomba Gira – O poderoso Exu Feminino .


Pomba Gira são  entidades espirituais imensamente faladas, e sobre as quais versa imensa controvérsia e debates religiosos.
Há quem afirme que Pomba Gira é uma entidade espiritual que assiste apenas a trabalhos Kimbanda, ( o que nas versões européias da bruxaria, corresponde á magia negra), ao passo que muitos afirmam que Pomba Gira assiste tanto á linha Umbanda , ( que no esoterismo europeu corresponde á Magia branca), como Kimbanda. Outros ainda, defendem que Pomba Gira é uma entidade espiritual chamada essencialmente a trabalhos esotéricos daquilo a que na magia ocidental se chama de magia vermelha.
Seja como for, muitos professam  que Pomba Gira é simplesmente uma entidade espiritual ligada ao mundo terreno, ao passo que outros afirmam que pomba gira é um Exu.
Um Exu é um Orixá africano, ou seja: um mensageiro entre o mundo terreno e o mundo espiritual, ou seja: entre o céu e a terra, que na teologia crista,  que igualmente corresponde Orun e  Aiye, nas religiões Africanas.
Nas mitologias ocidentais, a figura de um Orixá poderia ser vista com alguma latitude de interpretações: alguns defendem que é um Deus, outros que um anjo.
È a este mensageiro, (Orixá),que no decorrer de um processo místico, ( seja de contacto com espíritos, seja de encomenda de serviços), todas as oferendas devem cerimoniosamente ser dedicadas, a fim de garantir que o trabalho espiritual realizado decorra com sucesso.
Exu é um Orixá de temperamento vivo e brincalhão. Exu também é conhecido por possuir um voraz apetite sexual. Exu gosta das coisas carnais e dos prazeres deste mundo, é luxurioso, por vezes indecoroso e provocador. Exu é astuto como a serpente, e por todos esses motivos, os primeiros Cristãos a contactar com os povos Africanos, encararam esta divindade, (representada pelo falo erecto, um símbolo da fertilidade), como a incarnação de Satanás junto dos povos africanos. Por esse motivo, os cultos ligados a Exu foram fortemente reprimidos, e a religião Africana acabou encontrando formas de secretamente perpetuar as suas crenças, ao associar figuras da teologia Crista, ( anjos, santos, santas, etc), a entidades do seu próprio culto religioso. Dessa forma, os padres e missionários cristãos achavam ter conseguido uma plena conversão dos povos colonizados quando observavam os rituais nativos de veneração a essa fugiras cristas, desconhecendo que secretamente se estavam a perpetuar as crenças religiosas originais.
Pomba gira é vista como um Exu feminino, um mensageiro entre este mundo e o mundo espiritual, um espírito, ( que nas religiões Abraamicas do deserto seria certamente visto como um anjo), de forte e vincada personalidade.
Pomba gira é um espírito feminino também de luxúria, sendo que todos os prazeres e coisas deste mundo lhe são agradáveis.
Muitos crentes, afirmam que pomba gira não é uma entidade, mas sim um conceito que serve para identificar uma certa categoria de espíritos.
Há quem também afirme que os espíritos chamados «pomba gira», são espíritos de mulheres que em vida foram amantes, prostitutas, ou simplesmente mulheres especialmente ligadas ao prazer das coisas da carne, e que morrendo se transformam em poderosas entidades espirituais.
Estes espíritos femininos, são capazes tanto de um grande mal , ( desviar comportamentos sexuais, causar tentações, separar casais, concretizar cruéis vinganças, separar famílias, etc), como de um grande bem ( unir casais, salvar casamentos, devolver harmonia ao lar, etc).
Sendo espíritos de mulheres falecidas, essas entidades tendem a reencarnar periodicamente neste mundo. As que ainda não reencarnaram, tendem a procurar médiuns com os quais se possam relacionar e assim incorporar temporariamente.
Normalmente um espirito Pomba Gira incorpora numa mulher, embora haja casos em que se afirma que tal sucede em homens. Afirma-se também que nesses casos, a fortíssima influencia espiritual de pomba gira num homem, poderá distorcer a sua orientação sexual, mas tal não se encontra provado.
Afirma-se na teologia Umbanda e Kimbanda, que Pomba-Gira, ( o conceito que serve para distinguir toda uma linhagem de espíritos feminis), constitui na verdade uma enorme legião, subdividida em ramos distintos: existem pombas giras ligadas ás encruzilhadas, ( Pomba Gira das 7 encruzilhadas), bem como pombas giras ligadas a locais ermos, ( Pomba Gira Maria Mulambo), como pombas giras relacionadas com ciganas, ( pomba gira Cigana), como pombas giras afetas aos cemitérios, ( pomba gira Calunga)
No decorrer de um processo espiritual, milhares de pessoas já afirmaram ter visto os seus desejos concretizados através deste tipo de entidade, ao passo que outras viram todo o tipo de alterações milagrosas suceder na sua vida.
As oferendas realizadas a pomba gira, são: charutos, bebidas fortes, cigarros de boa qualidade, flores vermelhas, espelhos, jóias bonitas e brilhantes, licores, bijuterias, perfumes e tudo aquilo que um espirito feminino adora.
Os locais de oferenda, variam consoante a natureza da pomba gira em questão.
As pomba gira são entidades espirituais de forte personalidade, pelo que jamais se poderá quebrar a palavra dada, nem violar os termos de uma instrução, nem mostrar desrespeito. Qualquer uma dessas falhas, pode resultar em trágica conseqüência. 
Contam os crentes, que em certas noites, podemos ouvi-las cantando e dançando nos locais mais inesperados, ( lugares ermos, cemitérios), e sentir o perfume doce e feminino das suas presenças invisíveis. Nessas noites, convém afastar-se rapidamente desse local, sem olhar para traz, com todo o respeito e discrição, respeitando a intimidade dessas valorosas Exus femininas.

As Obrigações.

Um ano após a  feitura, o nascimento no santo, o Yawo  deve fazer a sua primeira obrigação que tem como significado comemorar esse nascimento e o reforço dos seus votos. Nessa ocasião, são oferecidos: um Bori e um animal de duas patas.
Os votos serão renovados ao completar 3 (três) anos. Serão então oferecidos: um Bori e um animal de quatro patas que seja do fundamento do seu Orixá.
Aos 7 (sete) anos de feitura o Yawo alcança a maior idade no santo tornando-se Egbomin (irmão mais velho) e a partir deste momento está pronto para assumir funções sacerdotais, ou seja tornar-se dono de sua própria casa ou na sua comunidade. Ele já pode assumir o posto de Babalorixá.
Deká ou Obrigação de Sete Anos, é como se intitula este ritual de passagem.
As obrigações dentro do Candomblé não podem ser adiantadas, ou seja, dadas antes do prazo, existe a necessidade de ser respeitado o tempo para que sejam realizadas.
Somente a iniciação não assegura que o Yawo, receba o cargo de Egbomin, ele precisa cumprir todas as etapas descritas anteriormente e mesmo tendo mais de 7 (sete) anos de feito, enquanto não forem realizados os rituais de passagem seguindo a ordem cronológica, ele continuará sendo um Yawo.
O Egbomin recebe durante a cerimónia, elementos de fundamental utilidade para que exerça a função sacerdotal entre eles, os seus búzios e navalha; é justamente o conjunto destes elementos que origina o nome Deká. Além dos elementos, ele passa a ser detentor do fio de grau (Rungebe).
Outras duas obrigações são necessárias a este novo Egbomin, quando forem completados 14 (catorze) e 21 (vinte e um) anos de santo.

O jogo de buzios.

O jogo de búzios é um sistema oracular e está ligado a prática do Candomblé, devendo ser apenas jogado por pessoas iniciadas na religião.

O aprendizado se dá à medida que o praticante adquire conhecimento e passa por certos preceitos.
A forma mais comum é o jogo de 16 búzios (jogo por odús).
Cada odú tem ligação com um o mais orixás, sendo que estão todos interligados.
 
Os 16 odús são:

1) Okaran ' Exu

2) Ejiokomeji ' Ogum e Ibeji

3) Etaogundá ' Ogum e Omulu

4) Iorossum ' Iemanjá

5) Oxê ' Oxum

6) Obará ' Oxossi, Xangô e Logum Edé

7) Odi ' Oxossi, Obaluaiê e Oxanguiam

8) Ejionilê ' Oxalá e Oxaguiam

9) Ossá ' Iansã

10) Ofum ' Oxalá e Oxalufan

11) Oawarim ' Ogum, Iansã e Exu

12) Ejilonuborá ' Xangô

13) Odiologan ' Nanã Buruku

14) Iká ' Oxumaré e Ossaim

15) Obeogundra ' Ewá, Obá, Oxumaré e Omulu

16) Alafra ' Oxalá, Oxaguian
Os búzios são lançados sobre uma peneira e de acordo com a sua caída (número de búzios abertos ou fechados) se faz a interpretação pelos sacerdotes.

Os búzios são conchas que foram preparadas em diversos rituais, antes de serem utilizadas.
Antes de se começar o jogo, o sacerdote faz uma série de orações e saudações aos orixás.
Exú, Oxum e Oxalá são os orixás mais ligados ao jogo , além de Ifá que é o próprio orixá da adivinhação.

Além do jogo de 16 búzios, há o jogo com 4 búzios (alafiá) e o jogo com 21 búzios.
Na África a prática do jogo de búzios é concedida apenas aos homens, filhos de Oxum, Exu e Obaluaiê.